Um golo de Ruben Neves, aos 90+1 minutos, bastou para Portugal vencer a República da Irlanda em Alvalade este sábado, em jogo da 4.ª ronda do Grupo F do apuramento europeu para o Mundial 2026.

Quando o empate parecia uma inevitabilidade, após Cristiano Ronaldo falhar uma grande penalidade, o médio-centro foi até a área desviar um cruzamento de Francisco Trincão para deixar Portugal a um triunfo do Mundial. O apuramento pode chegar na terça-feira, na receção a Hungria, também em Alvalade.

Portugal lidera o Grupo F com nove pontos, a Hungria tem quatro, mais um que a Arménia. A Irlanda tem um ponto.

FOTOS: O Portugal-Irlanda em imagens

Portugal: muita bola e pouca criação

Com a possibilidade de fechar as contas do apuramento já nesta paragem FIFA, a duas jornadas do fim, Portugal entrou em Alvalade sem pressa, sem intensidade na circulação da bola. Tudo era feito de forma lenta, denunciado, com poucas diagonais ou movimentos de rotura para fazer abanar a organizada defensiva irlandesa.

Aos 16 minutos, Cristiano Ronaldo abandonou a sua 'ilha' entre os centrais irlandeses para vir fora da área participar no jogo. Aproveitou e, de pé esquerdo, disparou rasteiro. A bola bateu com estrondo no poste, foi ter com Bernardo Silva que estava adiantado. Se não estivesse, de pouco valeria porque a recarga, com a baliza aberta, foi para fora.

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Este foi um dos poucos pontapés na monotonia instalada nas quatro linhas, apesar do incentivo vindo das bancadas. Portugal jogava a duas velocidades, a Irlanda, organizada num 5-4-1 perto da sua área, agradecia.

Uma das formas de derrubar a muralha que o selecionador irlandês Heimir Hallgrímsson (o homem é islandês) montou à frente do guardião Kelleher eram os remates de fora da área mas, os poucos que Portugal fez, acabaram ou nas pernas dos defensores contrários ou nas bancadas.

Só perto do intervalo se viu algo de diferente de Portugal. Gonçalo Inácio obrigou Kelleher a defesa de recurso, na sequência de um canto, aos 41 minutos. Aos 45+1, é Bernardo Silva a ter nos pés a melhor oportunidade de Portugal, mas, mais uma vez, ergueu-se uma muralha à sua frente na hora de rematar: bola contra um defensor.

A Irlanda parecia estar satisfeita com o rumo dos acontecimentos. Ofensivamente não se viu, tirando algumas tentativas de Festy Ebosele, quase todas anuladas por Nuno Mendes.

Destaque para o minuto 21: Alvalade ergueu-se e, durante um minuto, prestou uma bonita homenagem a Diogo Jota, com muitas palmas.

Roberto Martinez mexe mas jogo não se move

Sem abre-latas para dar uma sapatada na partida, esperava-se que Roberto Martinez lançasse Francisco Trincão ou Francisco Conceição ou Rafael Leão ao intervalo. Mas a mudança foi na defesa: Gonçalo Inácio rendido por Renato Veiga. Mas aos 61 minutos já não dava para esperar e o selecionador nacional lançou Francisco Trincão, Rafael Leão e Nelson Semedo, nos postos de Diogo Dalot, Vitinha e Pedro Neto.

Por essa altura já Kelleher  tinha assumido protagonismo na baliza da Irlanda, defendendo com dificuldades os remates de fora da área de Ruben Neves (60) e Vitinha (61), os únicos que apostavam de longe.

O jogo não mudou muito com as substituições. Portugal não queria acelerar o jogo para que o mesmo não se partisse. Queria controlar e controlava, mas era preciso marcar. E, para isso, também seria preciso criar.

Foi o que fez aos 71 minutos, Nelson Semedo:  centra na direita para Cristiano Ronaldo atirar para fora, na pequena área. Que perdida!

Até tu, capitão?

Aos 76, o capitão teve nos pés uma grande oportunidade, mas perdeu no duelo com Kelleher. O árbitro eslovaco Ivan Kruzliak considerou que o remate de Francisco Trincão bateu nos braços de O'Shea, embora as imagens mostrassem que foi mais peito que braço. Cristiano Ronaldo não se importou mas, na conversão, rematou para o meio da baliza, a bola bateu nas pernas do guardião irlandês e saiu para canto. Fantástica defesa do guardião que joga no Brentdford, da Premier League.

Gonçalo Ramos foi a aposta, já no desespero, de Roberto Martinez, para os derradeiros cinco minutos (entrou aos 85), numa altura em que a Irlanda já nem se dignava sair da sua área e Portugal nem se dignava mudar o disco para tocar uma música diferente.

Com a benção de Diogo Jota

Mas no primeiro dos sete minutos de desconto dado pelo árbitro, um dos muitos centros de Portugal - esta, de Francisco Trincão - apanhou um corpo estranho na área irlandesa  - Ruben Neves. O melhor amigo de Diogo Jota elevou-se, desviou de cabeça e mandou Alvalade abaixo, com um belo golo. Acabava a resistência irlandesa, 91 minutos depois.

Rafael Leão ainda teve nos pés o 2-0, num contra-ataque, mas atirou ao lado.

A vitória permite a Portugal reforçar a liderança do Grupo F, agora com nove pontos. A Hungria tem quatro, mais um que a Arménia. A Irlanda tem um ponto.

Na próxima terça-feira, Portugal recebe neste mesmo estádio a Hungria, num jogo também marcado para às 19h45. Basta vencer para carimbar o passaporte para a fase final do Mundial 2026.