
A Europa continua a ser fustigada pelos incêndios que lavram há vários dias, principalmente nos países do Sul, devido as vagas de calor, seca prolongada e ventos.
Portugal não é exceção e, apesar da descida das temperaturas, há ainda quatro grandes incêndios ativos. O de Trancoso, por exemplo, lavra há mais de uma semana e poderá tornar-se no maior incêndio alguma vez registado em Portugal.
Os fogos já devastaram 2.162 quilómetros quadrados de território nacional em 2025, segundo dados do Governo. Desde 2006 que não ardia tanto em Portugal.
Uma das grandes consequência dos incêndios são os problemas causados à saúde das pessoas, pela exposição ao fumo. Por isso é preciso estar atento e tomar algumas medidas para prevenir os perigos de inalação de fumo.
A Direção-Geral da Saúde deixa um conjunto de recomendações de forma a ajudar as pessoas a lidar com o fumo dos incêndios. Em caso de dúvida, as pessoas devem ligar para: SNS 24 (808242424) para mais informações; para o CIAV (800250250) para esclarecimentos em casos de intoxicação ou para o INEM (112) em caso de emergência.

Que componentes do fumo de incêndios florestais podem ser inalados?
O fumo provocado por um incêndio florestal fica no ar e transporta vários componentes microscópicos que, juntos, podem ser perigosos. O fumo resultante da queima de madeira e outros materiais orgânicos contém dióxido de carbono, vapor de água, monóxido de carbono, mistura de partículas sólidas, algumas de tamanho microscópico e gotículas líquidas, hidrocarbonetos e outros produtos químicos orgânicos, óxidos de azoto e formaldeído.
O que acontece se estiver exposto ao fumo?
De acordo com a DGS, a exposição aos componentes do fumo de um incêndio florestal podem provocar irritação dos olhos, do nariz e da garganta; aumento das secreções/expetoração; tosse persistente; inflamação e estreitamento das vias respiratórias (edema); doenças respiratórias, como a bronquite; agravamento de doenças do coração e respiratórias; alterações do estado de consciência (fraqueza, sonolência, desmaio). A inalação de fumo pode destruir células das vias respiratórias e, em casos extremos, pode afetar os níveis de oxigénio no sangue e causar insuficiência respiratória.
As pessoas são afetadas da mesma forma?
Não. A Direção-geral da Saúde alerta que há grupos de maior risco que podem desenvolver complicações pela inalação de fumo. Os idosos, as crianças, as grávidas, as pessoas com história de doenças cardiovasculares ou respiratórias, como a asma ou a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) são as mais vulneráveis.
Mesmo as pessoas saudáveis podem precisar de tratamento após exposição prolongada ao fumo dos incêndios florestais. O risco por inalação de fumo varia de acordo com o nível e a duração da exposição, a idade da pessoa e a suscetibilidade individual.
O que devo fazer em caso de exposição ao fumo de incêndios?
A DGS sublinha que é muito importante estar prevenido para uma situação de incêndio, principalmente se a pessoa viver numa zona de risco de incêndio elevado, ou fizer parte dos grupos de risco.

Eis algumas recomendações da DGS:
- ter alguns produtos em stock, para evitar saídas desnecessárias ao exterior que podem expô-lo ao perigo
- ter em casa alimentos que não precisem de refrigeração
- ter a medicação habitual
- ter máscaras de proteção N95
- garantir um bom isolamento das portas e janelas de acesso ao exterior
- caso tenha ar condicionado, garanta um ambiente fresco, de preferência com modo de recirculação de ar
- definir um plano de evacuação em caso de agravamento da situação e partilhá-lo com as pessoas com quem vive
- estar atento aos meios de comunicação e informar-se das notícias locais
- recorrer ao SNS 24 (808242424) para mais informações, do CIAV (800250250) para esclarecimentos no caso de intoxicação e/ou do INEM (112) para casos de emergência
Como devo evitar a exposição ao fumo de incêndios?
- manter-se dentro de casa, com as janelas e as portas fechadas, em ambiente fresco. Se possível, ligar o ar condicionado com modo de recirculação de ar
- evitar a utilização de fontes de combustão dentro de casa, tais como, aparelhos a gás ou lenha, tabaco, velas e incenso
- evitar atividades no exterior
- utilizar máscara (N95) sempre que não puder evitar a exposição ao fumo
- manter a medicação habitual, nomeadamente se tiver doenças como, a asma ou a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Seguir as indicações do médico se tiver agravamento das queixas
- manter-se hidratado e fresco
Se estiver na presença de alguém que tenha inalado fumo dos incêndios florestais, a DGS recomenda:
retirar a pessoa do local e evitar que respire o fumo ou esteja exposta ao calor
pesquisar sinais de alarme como queimaduras faciais, dificuldade respiratória e alteração do estado de consciência.
E muita atenção aos mitos. Ao contrário do que se diz, não está provado cientificamente que beber leite ajuda quem tenha inalado fumo dos incêndios florestais. O leite não impede ou combate a ação tóxica (antídoto) do monóxido de carbono e não diminui os riscos da inalação.
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