"Ao intervalo fiz quatro substituições mas queria ter feito nove". A frase, forte, de Mourinho após o Atlético 0-2 Benfica, resume muito bem a primeira parte dos Encarnado, neste jogo da 4.ª ronda da Taça de Portugal. Na noite de sexta-feira, no Restelo, casa emprestada da equipa de Alcântara, José Mourinho teve de lançar os tubarões no tanque no segundo tempo para evitar um tombo gigante na Taça.
Das escolhas do técnico do Benfica, só Otamendi e Rodrigo Rêgo salvaram-se no primeiro tempo. Na segunda parte o Benfica melhorou, chegou aos golos em quatro minutos, um deles de grande penalidade, ainda falhou um penálti nos descontos, mas voltou a revelar um problema que precisa de resolver o quanto antes: remate muito e acerta pouco. Foram 29 remates, mas apenas seis em direção à baliza. Só dois entraram. Os dois golos, diga-se, saíram de bolas paradas.
FOTOS: O Atlético CP vs Benfica em imagens
Incrível a incapacidade do Benfica para bater a linha de pressão do Atlético, montado em todo o campo. Do onze do Benfica, só Rodrigo Rego, João Rego e Ivanovic, além do guardião Samuel Soares, não costumam fazer parte do onze principal do Benfica. E mesmo assim não foi suficiente para se superiorizar frente ao 7.º colocado da Série B da Liga 3.
Muito mérito para o jovem técnico Pedro D'Oliveira que, aos 29 anos, vai afirmando o seu valor, subindo degrau a degrau no nosso futebol. O Atlético nunca se amedrontou perante o nome do adversário e foi o Benfica quem passou a temer o adversário, incapaz de sair da pressão adversária. As muitas perdas de bola ainda no meio-campo, os passes falhados, obrigaram Samuel Soares a bater longo os pontapés de baliza, para não correr riscos na saída curta, como estava a acontecer.
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Ivanovic, que tem pedido mais minutos, tão cedo não voltará a titularidade no Benfica, face a falta de atitude no jogo. Mas não foi o único. Pavlidis até marcou de penálti no 2-0, aos 77 minutos, mas pouco mostrou, tal como António Silva, muito nervoso no jogo, claramente perdido na tática dos três centrais. Samuel Soares não sofreu qualquer golo, mas errou alguns passes na saída curta do Benfica.
O 3-0, que podia ter chegado pelos pés de Otamendi (falhou uma grande penalidade nos descontos) seria um castigo muito pesado pelo grande jogo do Atlético. Fica a vitória moral de ter feito o Benfica bater longo os pontapés de baliza e de ter anulado a formação Encarnada nos primeiros 45 minutos.
Com Lukebakio lesionado, Mourinho tem em Prestianni e Schjelderup os únicos desequilibradores do plantel para jogar nas alas do ataque. Se voltar ao esquema antigo, um deles deverá ser titular diante do Ajax, na próxima terça-feira em Amsterdão, onde os Encarnados procuram os primeiros pontos na Champions. Se não vencerem, muito dificilmente chegarão à próxima fase da prova, depois de perder os quatro primeiros jogos.
Momento do jogo: Rios de contentamento
As melhores do Benfica no segundo tempo tiveram eco na cabeçada de Richard Ríos, um dos melhores das Águias. Subiu ao segundo andar e cabeceou para o fundo das redes, aos 73 minutos, num canto que puxado de Aursnes que tirou a bola da marcação à zona da defesa do Atlético.
A Figura: Catarino Pascoal
Impressionante o jogo do jovem médio Catarino Pascoal, de apenas 17 anos. Lutou como 'gente grande' na zona intermédia, com Enzo Barrenechea, Aursnes e depois Richard Rios e Leandro Barreiro, como se fosse um veterano. A calma com bola, a luta, a pressão, e a condução são de craque. Não tarda estará numa Primeira Liga. E ainda criou perigo nos lançamentos laterais longos para a área.
Outros destaques:
Richard Ríos entrou no segundo tempo para ajudar a dar consistência ao meio-campo do Benfica, com e sem bola. Ajudou no crescimento da equipa e fez o seu primeiro golo de Águia ao peito. Um golo crucial que permitiu ao Benfica desbloquear o jogo.
Enquanto teve pernas, Délcio foi um perigo para o Benfica. As suas arrancadas, o seu atrevimento no um-para-um causaram pânico na defensiva Encarnada, embora não tenha decidido sempre bem. Esteve à beira de um golo fantástico, mas sua bicicleta travou nas mãos de Samuel Soares.
Rodrigo Rêgo foi a grande novidade no onze de Mourinho e o jovem lateral/ala esquerdo não desperdiçou a oportunidade. No naufrágio que foi a exibição do Benfica no primeiro tempo, foi, a par de Otamendi, os únicos que se salvaram, como deixou Mourinho bem claro na zona de entrevistas rápidas. Com a época dividida entre a Segunda Liga (9 jogos) e a Liga Revelação (2 jogos), é provável que Mourinho venha a apostar no extremo de 20 anos, transformado em ala esquerdo.
Reações:
Rodrigo Rêgo "feliz" com estreia pelo Benfica: "Mourinho deu-me os parabéns"
Ricardo Dias e Catarino Pascoal "orgulhosos" de exibição do Atlético frente ao Benfica
Pedro D'Oliveira orgulhoso da exibição frente ao Benfica: "Quando faltou pernas, não faltou coragem"
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