O sindicato francês de futebolistas profissionais (UNFP) criticou duramente o novo formato do Mundial de Clubes, acusando a FIFA e o seu presidente, Gianni Infantino, de despotismo e de colocar o lucro acima do bem-estar dos jogadores.

“O seu Mundial de Clubes prova, até ao absurdo, que é urgente parar este jogo de massacre. Ele despreza a saúde física e mental dos jogadores por uns dólares a mais”, acusa o organismo, num comunicado contundente.

A UNFP lamenta a sobrecarga do calendário internacional e a ausência de diálogo por parte da FIFA, que considera “autista” nas suas decisões, apontando que muitos atletas são obrigados a jogar em épocas sobrecarregadas e com períodos de descanso cada vez mais curtos.

“A incongruência da situação não escapa a ninguém, exceto, claro, a Gianni Infantino e aos seus bajuladores. Do alto da torre de marfim que parasita pelo mundo, o presidente da FIFA não se incomoda com o destino que o calendário internacional reserva aos principais jogadores”, lê-se na nota emitida pelo sindicato francês.

O organismo lembra ainda que as “convenções coletivas de trabalho” em vigor garantem pelo menos três semanas de descanso entre temporadas — um direito que, na prática, muitos futebolistas não estão a conseguir cumprir.

Como exemplo, a UNFP aponta o Paris Saint-Germain, campeão europeu em título, que ainda está a disputar o Mundial de Clubes — podendo jogar até 13 de julho —, numa altura em que outros clubes franceses já regressaram à pré-temporada. O campeonato francês arranca a meio de agosto.

Esta primeira edição alargada do Mundial de Clubes, com 32 equipas, realiza-se nos Estados Unidos e substituirá o antigo modelo, que contava com apenas sete clubes. Passará a acontecer de quatro em quatro anos, na época anterior ao Campeonato do Mundo de seleções, em anos ímpares — o que, segundo a UNFP, “compromete as preparações das seleções nacionais” e aumenta o risco de lesões e esgotamento dos jogadores.

“A UNFP, tal como a FIFPro e a FIFPro Europa, protesta há anos contra o aumento drástico da carga horária e contra os efeitos nefastos para o futebol doméstico de um calendário que a FIFA continua a ditar sozinha”, conclui o sindicato.