Paulo Fonseca, atual treinador do Lyon, foi o primeiro técnico a acreditar em Diogo Jota no futebol profissional. Nesta quinta-feira, após a trágica notícia da morte do avançado português e do irmão, André Silva, o técnico não escondeu a dor pela perda daquele que considera ter sido “um homem fenomenal”, realçando a honestidade, humildade e talento que marcaram a breve, mas intensa, carreira de Jota.

“Hoje é um dia trágico. Os meus pensamentos estão com a família do Diogo”, começou por escrever Paulo Fonseca numa sentida publicação nas redes sociais, acompanhada por uma fotografia antiga com o jogador, tirada na altura em que ambos representavam o Paços de Ferreira.

Diogo Jota e o irmão, André Silva, de 25 anos e jogador do Penafiel, perderam a vida esta madrugada, vítimas de um acidente de viação na A52, em Cernadilla, na região de Zamora, em Espanha. A notícia da morte abalou profundamente o mundo do futebol, que rapidamente se uniu em homenagens sentidas ao internacional português.

“Perdemos um homem fenomenal. A sua honestidade, humildade, simplicidade e o seu talento são um exemplo para todos nós. Estarás para sempre nos nossos corações”, expressou ainda Paulo Fonseca, que lançou Diogo Jota aos 17 anos, a 19 de outubro de 2014, num jogo da Taça de Portugal frente ao Atlético de Reguengos. O encontro ficou marcado não só pela estreia do jovem avançado, como também pelo seu primeiro golo como sénior, num triunfo por 4-0.

O percurso de Diogo Jota no futebol começou no Gondomar, onde fez a formação até aos 16 anos, antes de se mudar para o Paços de Ferreira. A qualidade técnica, a inteligência tática e a mentalidade competitiva rapidamente o colocaram no radar de clubes de topo. Em 2016, foi contratado pelo Atlético de Madrid, mas acabou emprestado ao FC Porto, onde brilhou sob as ordens de Nuno Espírito Santo. Seguiram-se três épocas no Wolverhampton, onde confirmou o estatuto de promessa consolidada.

Em 2020, chegou ao Liverpool pela mão de Jürgen Klopp, que nele viu o perfil ideal para o ataque dos ‘reds’. Em Anfield, Diogo Jota venceu uma Liga inglesa, uma Taça de Inglaterra e duas Taças da Liga, tornando-se peça importante no plantel e um favorito dos adeptos.

Na seleção nacional, somou 49 internacionalizações e apontou 13 golos, tendo sido campeão da Liga das Nações por duas vezes — a mais recente no passado mês de junho. Era considerado um dos jogadores mais influentes da geração atual e tinha ainda muito para dar ao futebol português.

Para Paulo Fonseca, porém, o mais marcante em Diogo Jota não foi apenas o que fez em campo, mas a forma como se comportou fora dele: “A sua maneira de estar, a educação, o sorriso discreto mas presente, tudo nele revelava alguém especial. Perder um jogador assim já é uma tragédia; perder um homem assim, ainda mais.”

A morte de Diogo Jota deixa um vazio irreparável no desporto nacional. Mas também deixa memórias, exemplos e uma herança de profissionalismo e humanidade que ultrapassa qualquer estatística. Foi isso que Paulo Fonseca quis sublinhar, com palavras simples e sentidas, sobre aquele que ajudou a lançar no futebol e que viu tornar-se um símbolo — não só da excelência desportiva, mas também do caráter.