Na sua entrevista ao programa 'Primeira Pessoa' da RTP, Jorge Jesus recordou o ataque à Academia do Sporting em Alcochete.

O treinador recordou os momentos vividos, afirmando que, por causa disso, não mais conseguiu assistir ao vivo a um jogo dos leões.

"No momento, na altura em que aquilo estava a acontecer, não foi difícil porque confrontei-me com a situação. Eu não tenho medo. Estava lá e entrei. Fui agredido, tentei defender os meus jogadores, como é óbvio. Senti o perigo, mas emocionalmente não senti o que hoje sinto. Marcou-me tão profundamente que nunca mais consegui ver um jogo do Sporting ao vivo. Nunca mais. Os jogadores nunca mais quiseram treinar. E eu pedia-lhes 'nós temos que treinar'. E eles 'mas nós não conseguimos entrar dentro de Alcochete, míster. Não nos peça. Não conseguimos entrar dentro de Alcochete'. Naquela altura nem os percebia muito bem, mas hoje percebo", afirmou.

O técnico que esteve em Alvalade de 2016 a 2018 não tem dúvidas em afirmar que o ataque à academia foi o pior momento da sua carreira.

"É. Já perdi várias finais. Perdi duas finais com o Benfica da Liga Europa, mais importantes do que a Taça de Portugal, mas sentimentalmente não me marcaram como aquela. Aquela final veio de um contexto em que mexeu comigo no futuro"

Questionado sobre se já perdoou aos autores do ataque, Jesus disse que sim, aproveitando ainda para deixar um recado às claques de todos os clubes.

"Já. Aquilo não são os verdadeiros sportinguistas. Um verdadeiro sportinguista ou benfiquista não toma atos daqueles. Aproveito esta oportunidade para dizer a todas as claques dos clubes 'esqueçam isso'. Não é essa pressão que faz com que os jogadores corram mais, pulem mais, saltem. É a pressão positiva. Podem fazê-lo no estádio dar a entender o desagrado, agora fora do estádio... esqueçam isso. Tirem isso das vossas cabeças", enfatizou.