
O treinador do Sporting, Ricardo Costa, elogiou a prestação 'leonina' na Liga dos Campeões de andebol, com uma presença inédita nos quartos de final, mas não escondeu a desilusão por ter ficado a um passo da final four da competição.
Apesar de ter revalidado todos os títulos nacionais – Liga, Taça de Portugal e Supertaça –, a época andebolística dos 'leões' ficou marcada pela campanha na principal prova europeia de clubes, a melhor da história do andebol português desde a reformulação do formato, em 1994.
Ricardo Costa admitiu sentir um misto de emoções, em que o orgulho por alcançar um feito inédito convive com a frustração de ter ficado tão perto de garantir o passaporte para Colónia.
“Apesar do 'triplete', será sempre difícil de esquecer. Tínhamos toda a ilusão de poder lá estar, muitos de nós fomos incapazes de ver a final four, por tudo o que ela poderia significar para nós. Mas, depois da derrota com o Nantes, só tínhamos um caminho: virar a página. A equipa conseguiu centrar-se no essencial em dois ou três dias e vencer na Luz – isso foi determinante para o nosso sucesso”, confessou, em entrevista à Lusa.
O técnico recordou que o Sporting já bateu os dois finalistas alemães da prova, tendo vencido o Füchse Berlim – que perdeu o jogo decisivo frente ao Magdeburgo (32-26) – durante a fase de grupos (35-33).
“Tenho a certeza absoluta de que, se tivéssemos tido a felicidade de chegar à final four, iríamos lutar para vencer a Liga dos Campeões, não apenas fazer figura de corpo presente em Colónia. Iríamos lá para ganhar, porque seria a nossa oportunidade. O Nantes fez um mau jogo nas meias-finais, mas acabou por vencer de forma até categórica o Barcelona. Isso diz muito sobre o nível das equipas que enfrentámos. Teríamos uma palavra a dizer”, garantiu.
Ainda assim, Ricardo Costa procurou conter as expectativas e voltou a classificar a presença entre os quatro melhores conjuntos da Europa como um “sonho”, tendo em conta o desnível orçamental face a outras formações, embora mantenha viva a ambição de o concretizar.
“Não dizemos que somos candidatos a ganhar a Liga dos Campeões – isso seria mera estupidez da nossa parte. Temos de ter noção de onde estamos e dos orçamentos em causa. Diria que há oito equipas que têm essa obrigação, e depois há outras oito, entre as quais nos incluímos, que podem lá chegar. Mas nada nos pode tirar a ambição de ganhar o próximo jogo”, afirmou, citando o exemplo dos húngaros do Veszprém, que nunca venceram a prova, apesar dos avultados investimentos.
Ricardo Costa considera ainda que Portugal não tem, neste momento, condições para rivalizar com as grandes potências da modalidade, nomeadamente a nível infraestrutural.
“Não temos uma formação desportiva de base consolidada enquanto país. O investimento teria de ser muito maior. No Norte, por exemplo, não existe um pavilhão capaz de receber uma grande competição. E isto não se aplica apenas ao andebol, mas a todas as modalidades. Não conseguimos ter um recinto com capacidade para 10 ou 15 mil pessoas. Todas as federações vivem com recursos limitados, e acho que já fazemos muito com o que temos”, explicou.
Num olhar sobre o excelente momento que o andebol português vive, no que toca aos resultados desportivos, o treinador destacou o recente quarto lugar conquistado pela seleção das 'quinas' no Mundial2025, a melhor classificação de sempre, mostrando-se otimista quanto à valia das novas gerações.
“Na seleção, há jogadores jovens – ainda mais jovens do que os que lá estão – que também poderão vir a ajudar. Julgo que temos tudo para, nos próximos anos, ambicionar a luta por medalhas”, projetou.
Após uma época que considerou “uma das melhores de sempre do Sporting e do andebol português”, o próximo desafio será manter a motivação dos atletas que conquistaram os últimos seis troféus nacionais consecutivos, com o objetivo de “marcar uma era” no panorama nacional.
“Temos uma identidade enquanto equipa, que não podemos perder, sabendo também que temos de continuar a surpreender os nossos adversários. Existem nuances táticas que têm de ser renovadas todos os anos”, concluiu.
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