
O verão vai quente, mas nos bastidores do futebol português, o mercado está… morno. Benfica, Sporting e FC Porto já mexeram, é certo. Já venderam, contrataram, e até iniciaram a pré-temporada. Mas nenhum deles pode dizer que tem o trabalho feito. Há buracos no plantel, negócios por fechar e dossiers que se arrastam — e tudo isto em pleno mês de julho.
O relógio corre. E a pressão também.
Benfica: muito dinheiro, pouca faísca
No papel, o Benfica está a fazer um verão exemplar — pelo menos para as finanças. Vendeu Álvaro Carreras ao Real Madrid por 50 milhões, libertou Kökçü para o Besiktas (empréstimo com compra obrigatória), disse adeus a Arthur Cabral, Renato Sanches e Amdouni, e soma dezenas de milhões em receitas.
Mas onde estão os reforços que entusiasmam? Chegaram dois nomes jovens e promissores e outro foi contratado a título definitivo: Rafa Obrador (ex-Castilla), Amar Dedić (lateral da seleção da Bósnia) e Samuel Dahl (ex-Roma). Bons sinais, sim. Mas ainda insuficientes para quem perdeu titulares e quer voltar a dominar internamente e fazer figura na Europa.
A estrutura quer João Félix de volta à Luz. É o nome grande. Mas também é um dos negócios mais difíceis. Richard Ríos, do Palmeiras, também está na lista, mas o preço é elevadíssimo. E o tempo vai passando.
Sporting: do silêncio à tensão — tudo depende de Gyökeres… e agora de Hjulmand
O Sporting parecia navegar com tranquilidade. Reforçou-se com critério (Kochorashvili e Alisson Santos), manteve a base da última época e mostrou-se contido nas movimentações. Mas a calma está a desaparecer.
A novela Viktor Gyökeres arrasta-se. O sueco não está na pré-época, quer sair, e o Arsenal já fez uma proposta tentadora. O Sporting resiste, mas cada dia sem desfecho é mais um passo para o caos. Luis Suárez, do Granada, é o nome mais forte como sucessor.
Como se não bastasse, agora também Morten Hjulmand está em risco: a imprensa italiana dá como iminente a sua saída para a Juventus. Se a transferência se concretizar, o Sporting perde o seu pilar do meio-campo — e vê-se obrigado a reformular o motor da equipa com urgência.
FC Porto: base sólida, mas ainda longe da versão final
No Dragão, Francesco Farioli quis mudanças — e elas chegaram. Com um plano bem delineado, a SAD foi ao mercado buscar Gabri Veiga, Borja Sainz, Nehuén Pérez, Prpić e João Costa. Um novo eixo central, juventude e intensidade.
Saíram Francisco Conceição (32 M€, Juventus), Otávio, Samuel Portugal e Marcano. Mudança de ciclo assumida. Mas o plantel ainda tem espaços vazios: falta um médio com presença física e um avançado com mobilidade.
Kenneth Taylor, Ilaix Moriba, Harwood-Bellis e até Roony Bardghji estão em cima da mesa. Mas por enquanto, são só alvos.
O FC Porto mexeu com cabeça, mas ainda precisa de músculo e criatividade para fechar o puzzle.
Três mercados em construção — e nenhum fechado
Benfica, Sporting e FC Porto entraram no verão com estratégias distintas, mas todos partilham o mesmo ponto de situação: o trabalho ainda não está feito.
O Benfica fez as contas à vida, mas ainda não reforçou o plantel com a ambição de quem quer ganhar tudo.
O Sporting, que parecia ter tudo controlado, pode perder Gyökeres e Hjulmand de uma assentada — e isso obriga a repensar toda a época.
O FC Porto foi o mais rápido a agir, mas ainda precisa de dois ou três acertos cirúrgicos para não entrar na nova era de Farioli com falhas estruturais.
O mercado ainda vai a meio, é verdade. Mas a pré-época já começou, os jogos oficiais aproximam-se, e o tempo para errar — ou adiar decisões — está a esgotar-se.
Porque em julho não se ganham campeonatos, mas perde-se o rumo. E isso, nos três grandes, ninguém se pode permitir.
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