"Toda a nossa concentração é na pessoa humana. A primeira prioridade é os nossos cidadãos, a segunda é os nossos cidadãos e a terceira é os nossos cidadãos", disse à Lusa o presidente do Partido Libertação Popular (PLP) e atual chefe do Governo, Taur Matan Ruak.

"Nós não sonhamos com projetos muito ambiciosos. Sonhamos sobretudo com o projeto simples que tem a ver com a vida das pessoas: o pequeno-almoço, o almoço, o jantar, os filhos a ir à escola, uma habitação digna, água e eletricidade. São coisas básicas que nós tencionamos e temos vindo a fazer nos últimos cinco anos do nosso mandato", afirmou, à margem do comício do partido em Díli.

O líder do PLP, criado apenas em 2017 e que ocupa oito das 65 cadeiras do Parlamento Nacional, chegou ao recinto de Tasi Tolu com trajes tradicionais por cima de uma t-shirt da força política, com uma barba praticamente branca, que tem deixado crescer desde o início da campanha.

Taur Matan Ruak liderou desde 2018 um Governo que era inicialmente formado pelo seu partido, pelo CNRT, de Xanana Gusmão, e pelo KHUNTO.

Depois da saída formal do CNRT do executivo, entrou a Fretilin, de Mari Alkatiri, que viabilizou o executivo, que governou numa altura complexa, com um impasse político no país, a pandemia da covid-19 e desastres naturais.

Uma situação que agravou muitos dos problemas crónicos no país, mas que suscitou também duras críticas ao executivo e, em particular, à gestão do próprio primeiro-ministro.

"O nosso país ficou parado. Ficou praticamente parado. Vinte e um anos de restauração [da independência], 23 anos depois do fim da guerra, ainda falamos do passado. Luta, luta, carisma, mas não tem projetos para o futuro. E nós queremos mudar isso", afirmou.

Na véspera do fim da campanha, Taur Matan Ruak admite que duas décadas depois da restauração da independência o país precisa de mudança, defendendo por isso a agenda do partido que, sublinhou, tem tido grande apoio na campanha.

"Olha o que temos aqui. Uma adesão muito grande, fora das nossas expetativas. Isto é um sinal muito positivo, sobretudo porque reconhecem o que fizemos nos últimos cinco anos. Enfrentámos grandes desafios no país, mas, ao mesmo tempo, trabalhando para velar pelos nossos cidadãos, sobretudo para elevar o crescimento económico do nosso país", disse.

"A mensagem aos jovens é que confiem em nós. Nós somos uma força que tem visão para o nosso país, e demonstrámos isso nos últimos cinco anos. E queremos levar o nosso país a ser diferente na região. Aderimos como 11.º país observador da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]. É um passo muito positivo para a nossa integração económica, cultura e social na região", afirmou.

O comício começou atrasado, e uma hora depois do início previsto ainda praticamente ninguém tinha chegado ao recinto de Tasi Tolu, o principal palco usado pelos partidos para 'medir' o apoio na capital.

Os apoiantes começaram a chegar em grupos dispersos e, algum tempo depois, Matan Ruak e a principal cúpula do partido atravessaram o recinto a pé, atrás de um grupo de majoretes.

Este foi o quarto comício das maiores forças políticas do país a decorrer nos últimos dias em Tasi Tolu, depois do KHUNTO, Partido Os Verdes de Timor e PD, mas o que contou com menor afluência.

A campanha termina na quinta-feira, seguindo-se dois dias de reflexão, no segundo dos quais o país comemora os 21 anos da restauração da independência.

As urnas estão abertas, no domingo, entre as 07:00 e as 15:00 (horas locais, menos oito horas em Lisboa).

O Governo deu dois dias de tolerância de ponto, na sexta-feira e na segunda-feira, para que os eleitores se possam deslocar para os municípios onde estão recenseados.

 

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