
O Boavista Futebol Clube e a respetiva SAD, que gere o futebol profissional das 'panteras', manifestaram hoje total disponibilidade para colaborar com as autoridades, no âmbito da investigação que levou às buscas no Estádio do Bessa.
As diligências policiais, iniciadas pela manhã de hoje no recinto desportivo e em nove outras localizações nas regiões da Grande Porto e de Viseu, decorreram por suspeitas de lucros ilícitos estimados em 10 milhões de euros, no âmbito de um esquema envolvendo empresas ligadas ao fenómeno desportivo.
Em declarações à comunicação social após o final das buscas, o presidente da direção do clube, Rui Garrido Pereira, recordou que foi eleito apenas em janeiro de 2025, isentando o atual órgão que dirige de quaisquer responsabilidades quanto à matéria sob investigação.
"A única coisa que poderei dizer é que, desde logo, o objeto do processo não está nada relacionado com a atual direção ou com o mandato que se iniciou em janeiro de 2025. Está circunscrito num determinado lapso temporal de que não posso, naturalmente, estar aqui a falar. A direção está a acompanhar a situação e estamos a colaborar com a Polícia Judiciária, porque é também do nosso interesse esclarecer de forma cabal o que se sucedeu", afirmou, à porta do Estádio do Bessa.
A operação decorre no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto e incide sobre factos ocorridos entre 2023 e 2024, relacionados com suspeitas de fraude fiscal, frustração de créditos e branqueamento de capitais, alegadamente praticados por "quadros dirigentes, contabilistas certificados, um escritório de advogados e uma sociedade de revisores oficiais de contas".
O líder da direção 'axadrezada' abordou ainda o processo de insolvência a que a SAD se submeteu, garantindo que manterá autonomia estratégica, e apelou à mobilização dos associados para a Assembleia Geral extraordinária marcada para 28 de julho.
"Tanto o efeito desse despacho da senhora juíza foi manter-me a mim como presidente em exercício e ao presidente-adjunto [Reinaldo Ferreira] e, portanto, o que tem de ser feito assim será. Vejo muitas pessoas com muito negativismo, com muitas dúvidas sobre o que será do Boavista. O Boavista é os seus sócios, alguns deles aqui à minha volta, e é neles que estamos concentrados. É em conseguir a recuperação, porque isto não é o fim do Boavista", garantiu.
Tanto o clube, na pessoa do seu presidente, como a SAD, em comunicado divulgado esta tarde, negaram ser visados no processo, apesar de fonte judicial ter confirmado à agência Lusa que ambos integram o rol de seis arguidos, à semelhança de Vítor Murta, antigo presidente de ambos os organismos, numa altura em que ainda não terão sido formalmente notificados.
"O conselho de administração manifesta total serenidade relativamente ao processo em causa e reafirma a sua inteira disponibilidade para cooperar com transparência, responsabilidade e espírito institucional. De ressalvar que a Boavista FC Futebol, SAD não foi constituída arguida, sendo ela a alegada lesada", pode ler-se na nota publicada no sítio oficial do clube.
A administração que tutela o futebol profissional adiantou ainda que as buscas da Polícia Judiciária procuraram monitorizar movimentações bancárias suspeitas nas épocas desportivas de 2022/23 e 2023/24.
"As buscas e a recolha de prova documental resultam da verificação de movimentações bancárias suspeitas nas épocas em questão, tendo sido identificadas numerosas transferências de avultados montantes. Subsistem indícios de que as contas bancárias visadas possam estar a ser utilizadas para a ocultação de fluxos financeiros, bem como para pagamentos e recebimentos em nome da Boavista SAD", esclareceu a sociedade desportiva.
Comentários