
Cabo Verde e Líbia empataram 3-3, na 9.ª jornada do Grupo D do apuramento africano para o Mundial 2026. Num jogo impróprio para cardíacos, os Tubarões Azuis desperdiçaram três grandes oportunidades nos descontos, para garantir a vitória.
Na derradeira ronda, Cabo Verde joga em casa com Essuatíni (último colocado do grupo, sem qualquer vitória nos oito jogos que disputou) e só tem de vencer para marcar presença num Mundial de Futebol pela primeira vez. Ou então fazer o mesmo resultado que os Camarões, esperando neste caso por uma ajuda de Angola.
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Entrar a dormir
O sonho de apuramento já nesta quarta-feira passou imediatamente a pesadelo quando, antes do primeiro de jogo, a Líbia adiantou-se no marcador. Uma jogada pela direita do ataque líbio terminou com um centro, onde Vozinha fez que ia e não foi e Roberto Lopes 'Pico', ao tentar afastar, desviou... de bico, para o fundo das redes cabo-verdianas. O central que joga no Shamrock Rovers nem queria acreditar.
A Líbia recuou no terreno, a defender no seu meio-campo, num 4-5-1 muito compacto.
O relvado seco e irregular dificultava a mais valia técnica e o jogo de pé para pé dos cabo-verdianos. Telmo Arcanjo e Jamiro Monteiro tentaram pegar na batuta, com o homem do Vitória de Guimarães a partir da direita para o meio para tentar encontrar Dailon Livramento, que joga no Casa Pia. Heriberto Tavares, ex-Moreirense, pouco ou nada acrescentava ao jogo.
A pressão de vencer para se apurar era notória nos jogadores caboverdianos.
Aos 30 minutos, Jamiro Monteiro trabalhou na esquerda, centrou para Telmo Arcanjo antecipar-se a todos e desviar de cabeça, para o fundo das redes.
O golo deixou os líbios mais nervosos, mas logo de seguida, novo erro defensivo deixou os Tubarões Azuis em desvantagem. Enorme buraco na defensiva cabo-verdiana, com Fadel Mansour a passar com enorme facilidade entre Roberto Lopes, Kevin Pina e João Paulo, antes de rematar para grande defesa de Vozinha. Mas a bola foi ter com Ezzeddin El Maremi que atirou para a baliza deserta, aos 42 minutos. Enorme passividade dos defensores cabo-verdianos.
Bubista mexe, Líbia faz golaço e Cabo Verde treme
Ao intervalo o selecionador de Cabo Verde, Pedro Brito 'Bubista' trocou Heriberto Tavares pelo experiente Ryan Mendes, para tentar dar nova vida ao lado esquerdo do ataque.
Mas a Líbia tratou de dar colocar uma arpão afiado no peito dos Tubarões Azuis, aos 58 minutos, com o 3-1. Num livre direto de muito longe, Vozinha colocou apenas dois jogadores na barreira. Pouca gente para o potente pontapé de Mahmoud Al-Shawli para um golaço. A bola entrou mesmo no ângulo.
Galvanizados, os líbios partiram à procura de mais, perante uma seleção cabo-verdiana perdida em campo. Vozinha negou dois golos cantados, além de duas bolas nos ferros de Cabo Verde, numa tarde para esquecer para a defesa. Demasiados erros, algo pouco visto neste apuramento.
Sidny Lopes Cabral, lateral direito que joga no Estrela da Amadora, Willy Semedo, Nuno Da Costa foram as últimas apostas do selecionador Bubista para tentar algo do jogo.
Frango dá vitamina, Tubarões Azuis empatam e falham dois golos cantados que davam apuramento
Esse algo saiu de um frango impensável do guarda-redes Murad Alwuheeshi. Um passe de Sidny Cabral para a área líbia não chegou ao seu destino mas, de forma incrível, o guardião líbio deixou o esférico passar-lhe por entre as pernas, para um dos golos mais caricatos dos últimos anos. Incrível!
O golo despertou Cabo Verde que partiu à procura da felicidade, que foi cair aos pés de Willy Semedo, aos 82 minutos. Um livre lateral deixou a bola a saltitar na área líbia, onde o extremo cabo-verdiano foi mais rápido a reagir, atirando para o fundo das redes, para o 3-3. Que recuperação dos Tubarões Azuis!
Os últimos minutos foram frenéticos, com Cabo Verde a poder marcar. Nuno Da Costa viu um defensor cortar em cima da linha um remate enrolado. E ainda nos descontos, numa situação de dois contra o guarda-redes, o avançado cabo-verdiano preferiu rematar em vez de passar para quem estava ao lado. O guarda-redes Murad Alwuheeshi, que já estava a cair, conseguiu desviar a bola com o pé. Inacreditável!
Mas ainda havia mais um lance surreal, aos 90+5: Cabo Verde foi para o ataque numa situação de quatro contra um, a bola foi colocada no fundo das redes, mas o golo foi anulado por fora de jogo, que não existia. Na altura do passe, o homem que recebe a bola e marca está atrás da linha. Lance mal ajuizado pelo árbitro, num jogo sem VAR.
Assim, à entrada para a última jornada, Cabo Verde mantem o comando do Grupo D com 20 pontos, mais dois que os Camarões (venceu as Ilhas Maurícias) e mais cinco que a Líbia que já não pode apurar-se. A seleção cabo-verdiana só tem de vencer o seu jogo ou, fazer o mesmo resultado que os Camarões, que recebe Angola. Não pode terminar com os mesmos pontos de Camarões porque perde no confronto direto.
Na próxima segunda-feira, os Tubarões Azuis terão de mostrar os dentes e, perante o seu público no Estádio Nacional, arredores da Cidade da Praia, vencer Essuatíni (último colocado do grupo, sem qualquer vitória nos oito jogos que disputou) no último jogo e fazer a festa do apuramento.
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