
Em entrevista exclusiva ao Sportinforma, Cristóvão Carvalho teceu duras críticas ao mandato de Rui Costa na presidência do Benfica, apesar de enaltecer o benfiquismo do atual líder máximo do clube e tudo o que ele deu aos encarnados enquanto jogador.
O candidato às eleições de outubro arrasou por completo alguns dos atos de gestão de Rui Costa e da sua direção, acusando-a de ser um verdadeiro colapso e referindo que o atual presidente do clube de Luz de não ser capaz de agregar pessoas à sua volta. Cristóvão Carvalho aponta igualmente o dedo ao projeto "megalómano" do 'Benfica District' de Rui Costa e à forma como o mesmo foi apresentado e critica ainda a forma como a questão da centralização dos direitos está a ser gerida, chegando mesmo a acusar Rui Costa de não ter a mínima noção do estado das contas do clube.
"O Rui Costa - e é importante fazer esta divisão, as duas partes que têm de ser divididas - tem uma paixão enorme pelo clube e é muito boa pessoa. Isso é inquestionável. E o Rui Costa teve um passado glorioso no futebol e no Benfica. Foi o que lhe permitiu convencer as pessoas a que votarem nele nas últimas eleições. O Rui Costa pareceu sempre ser o sucessor natural de Luís Filipe Vieira, porque todos tínhamos um carinho especial por ele como jogador. Achou-se que poderia como dirigente acrescentar e trazer alguma coisa ao Benfica", começa por dizer Cristóvão Carvalho.
"Mas se olharmos para o Rui Costa presidente, para o Rui Costa dirigente, para o Rui Costa líder, assertivo e aglutinador, que é tudo o que deve ser um presidente do futebol do Benfica, ele não tem isso. Não consegue sequer agregar pessoas à sua volta", aponta logo a seguir.
E prossegue: "Desde o segundo ano do mandato que percebemos claramente que Rui Costa foi um jogador fantástico, era um menino da casa, mas que não tinha as qualidades necessárias para dirigente. O clube começou claramente a entrar numa derrapagem financeira perigosíssima e numa ausência de resultados desportivos. Nem naquela parte que nós reconhecíamos ao Rui Costa capacidade e qualidade, que era na parte desportiva, ele está a funcionar", aponta.
"Ganhámos duas taças e um campeonato em quatro anos, num clube da dimensão do Benfica", lembra. "Isso demonstra o colapso da gestão do Rui Costa!"
"Depois, olhamos para as contas do Benfica, e elas têm piorado ano após ano. Hoje o Benfica está numa situação financeira incomensuravelmente pior. Foi um gastar dinheiro horrível durante quatro anos. O Benfica gastou durante quatro anos mais de mil milhões de euros para ganhar um título de campeão nacional. Nas modalidades, foi um horror de dinheiro gasto e tivemos dos piores resultados de sempre. Eu não me lembro de haver aqui uma situação pior, a não ser que recue muitos e muitos anos, a épocas que não quero recordar no Benfica", continua. "O Benfica é demasiadamente grande para estar assim", remata.
"Quando uma coisa é demasiadamente grande, temos armas para que ela se consiga elevar, se o soubermos fazer. Mas se não o soubermos fazer, esse peso e essa dimensão vão parecer com o Titanic, e afunda a uma velocidade louca", avisa.
"O Benfica está claramente em perigo. Mas eu acho que os sócios estão atentos", acrescenta.
"Estão a ser cometidos demasiados erros, nomeadamente no que toca a receitas, no que toca à estratégia que o Benfica está a usar para os direitos televisivos, na estratégia que o Benfica está a usar para evitar a venda dos melhores jogadores, já para não falar agora nas últimas contratações, nos últimos projetos e nas últimas coisas que têm sido feitas. É uma loucura. É de quem não conhece as contas. O Benfica está claramente em perigo", prossegue.
Críticas à centralização dos direitos de transmissão e ao 'Benfica District"
"A centralização é uma das principais polos de receitas do Benfica. É absolutamente inexplicável como é que o Benfica tem de liderar um processo desses e vem-se embora. Eu vou querer perguntar em debate ao presidente Rui Costa como é que se defende os interesses de alguém estando fora do processo. Vai ter de me explicar porque eu não entendo", questiona sobre a questão da centralização dos direitos de transmissão da I Liga, antes de criticar também fortemente o projeto 'Benfica Discrit' e a forma como o mesmo foi apresentado por Rui Costa.
"Foi o primeiro ato eleitoral do presidente Rui Costa. Feito com os serviços do Benfica. No próprio Estádio da Luz, convidando as edilidades, o presidente da Câmara, o governo, a FIFA...Só por aí foi absolutamente condenável. Quanto ao projeto em si, é só uma coisa absolutamente megalómana, que tem sido absolutamente destruído por todos os entendidos na matéria", lembra.
"A loucura, que eu chamo-lhe a loucura, é que ainda se disse, como se fosse uma coisa insignificante, que a cidade desportiva também vai avançar. Ninguém acredita no seu bom senso que 200 milhões, ou 210, ou 220 milhões de euros possam fazer um projeto megalómano daqueles. Provavelmente nem três vezes esse valor. Mas a cidade desportiva não avançou porque custava 400 milhões de euros. Ou seja, estamos a falar do investimento do Benfica de mil milhões, assim, de um momento para o outro. Está tudo louco?", questiona.
"Aquele projeto não está licenciado, nem sequer deu entrada, não está financiado, não tem projeto, não há dinheiro, não se sabe o quanto custa e o Benfica não suporta isto. Mostra uma coisa clara: o presidente do Rui Costa, não tem a mínima noção das contas do clube. Ou então isto é uma loucura insana e os benfiquistas não podem permitir isto", termina.
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